Pouca coisa, quando se olha para o ADN. Mas essas minúsculas variações fazem toda a diferença do mundo.
Ninguém precisa de ser biólogo ou antropólogo para ver como os grandes macacos – gorilas, chimpanzés, bonobos e orangotangos – se assemelham ao homem.
Os macacos têm mãos dextras tal como nós, mas diferentes das de qualquer outra criatura. Mas, o mais marcante é as suas faces extremamente expressivas, mostrando emoções que nos são familiares.
Os cientistas constatam há décadas que os chimpanzés são os nossos parentes mais próximos, 98 a 99 idênticos aos seres humanos ao nível genético. No que diz respeito ao ADN (acido desoxirribonucleico), um ser humano é mais próximo de um chimpanzé do que um rato de uma ratazana. Mas essas diferenças diminutas, espalhadas ao longo do genoma, fizeram toda a diferença.
Até á pouco, não havia maneira de revelar essas diferenças cruciais. M
Mesmo antes de ter sido publicado o genoma do chimpanzé, os investigadores já tinham começado a testar as nossas diferenças genéticas. Em 1998 Ajit Varki relatou que os seres humanos têm uma forma alterada de uma molécula denominada ácido siálico, que actua como ponto de ancoragem para muitos patogénios, como a gripe, por isso temos mais doenças do que os chimpanzés. Assim, uma pequena diferença num gene explica porque razão os humanos discursam, e os primatas não.
Para lá dos genes
No entanto, o princípio da comparação gene a gene continua a ser poderoso, e ainda há um ano os geneticistas conseguiram um há muito esperado instrumento para efectuar essas comparações em grande escala. Os 3 mil milhões de numero de pares de base de genoma humano, 1,23% da percentagem do genoma do chimpanzé que é diferente. As diferenças genéticas entre chimpanzés e seres humanos devem ser relativamente subtis. E não podem ser todas devidas apenas a uma mistura de genes ligeiramente diferente. Mesmo antes do genoma humano ter sido sequenciado, em 2000, calculava-se que os genes humanos tinham 100 mil genes. Sabemos agora que o número total é da ordem de 22 mil, e pode até reduzir-se a 19 mil. Este número espantosamente pequeno deixou claro aos cientistas que os genes só por si não determinam as diferenças entre as espécies.
Descodificação dos Neanderthal
Graças a duas equipas de investigação independentes, espera-se a descodificação do genoma mais próximo do parente de todos: o Neanderthal. Os antepassados deste apareceram pela primeira vez à 500 mil anos. Eles não seriam tão primatas como se assume, pois tinham fogo e realizavam cerimónias fúnebres.
Depois de analisarem 60 diferentes Neanderthal, irá brevemente anunciar-se numa importante publicação científica a sequenciação de 1 milhão de pares de base. E diz ter mais de 4 milhões na mala.
Com tudo isto pretende-se que, através dos genomas dos nossos antepassados podemos entender o paludismo, a sida e a hepatite.